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ORTODOXIA PARA A CIDADE

O campo acadêmico tem discutido há muito tempo o que grande parte dos cristãos individuais ou incluídos em um pensamento congregacional não estão discutindo. O que seria mais importante? Adotar os pressupostos teológicos em razão única da salvação da humanidade, formatando esse pensamento a partir de uma sala de aula e um escritório pastoral, ou desvalidar a necessidade teológica em detrimento de servir a cidade?

Eu já ouvi pessoas com o seguinte pensamento: “Não tenho tempo para a teologia, estou engajado para suprir as necessidades humanas.” Assim como já vi: “Não adianta fazer obras sociais se não estudar a bíblia”. Ambos pensadores deveriam aprender algo um com o outro. Não se trata do que não tem valor, mas do que pode ser valoroso no posicionamento do outro.

Que tal o teólogo do escritório balancear a sua rotina entre o escritório e a rua? E que tal o missionário da rua balancear a sua rotina entre a rua e o escritório para os estudos da teologia cristã? Os valores pelos quais temos pensado teologia, plantado igreja, enviado missionários, se envolvendo nas problemáticas reais da cidade são fatores que devem ter fundamentação em uma profunda ortodoxia. Uma práxis sem uma ortodoxia é a teologia de Judas Iscariotes. “Vende e doe tudo aos pobres” Mas o que seria tudo? Se Judas entregasse tudo (a quantia financeira referida) ao beneficiado, lhe faltaria muita coisa ainda vinda da parte de Judas. A reflexão sobre “o tudo” nos deve lembrar que a oferta de Abel foi perfeita ao Senhor porque ele de fato ofertou “tudo” porque ele “se ofertou”, e não apenas entregou algo.

A cidade só será tocada quando a nossa ortodoxia agradar mais à Deus (em serviço as pessoas) do que na preocupação de debatermos por mais alguns séculos o que já vem se arrastando.

Ficam aqui duas questões: Se a nossa Teologia permanece fiel quando sente o chão da vida e quais são os efeitos práticos e visíveis da nossa fé teórica.

Texto: FP Silva | Foto: Ismael Paramo