IGREJA DE
RUA
Pode ter sido de um pregador de rua que você ouviu ou de um vídeo do YouTube que você assistiu, ou apenas das pessoas aparentemente “estranhas” que normalmente fazem isso. Queremos propor hoje que a arte da pregação pública, seja vista como uma importante maneira pela qual o evangelho de Jesus Cristo possa efetivamente ser proclamado aos perdidos em nossa cultura.
Muitas pessoas em nossos dias se recusam ir a uma igreja. Isso pode ser o resultado de todo um universo de razões. No entanto, um benefício inegável da pregação de rua é que, ao invés de esperar que as pessoas entrem na igreja, o pregador vai até os perdidos. Assim, aquelas pessoas que não podem ou não querem entrar em um prédio da igreja podem ouvir o evangelho proclamado em uma área ou cenário em que eles se reúnem.
Basta ler as Escrituras (VT e NT) para encontrar a ênfase clara na proclamação ousada, pública e até às vezes “casual” da verdade de Deus. Um conceito que com frequência surge é a ordem dada e o padrão exemplificado no ato de pregar o Evangelho e proclamar a verdade da salvação (Atos 26, II Tim 4: 2, Lucas 14:23; Neemias 8).
A Bíblia apresenta cdezenas de pregadores de rua e centenas através da história da Igreja. Um padrão ininterrupto de pregações públicas pode ser observado. Por exemplo, no século XVIII, Gideon Ouseley, anunciou a verdade de Deus ao ar livre na Irlanda. Ouseley primeiro pregou em um pátio da igreja, em um funeral, e depois deste ponto, ele pregava nas ruas e nos arredores da igreja, em feiras e mercados, em vigílias e enterros, onde quer que ele pudesse encontrar uma congregação reunida. Ele montava em seu cavalo de condado em condado para pregar e exortar o povo onde e quando pudesse.
Spurgeon fornece uma lista de doze qualificações para pregadores ao ar livre: (1) uma boa voz, (2) naturalidade, (3) auto-controle, (4) um bom conhecimento da Escritura e de coisas comuns, (5) Capacidade de se adaptar a qualquer congregação, (6) bons poderes ilustrativos, (7) zelo, prudência e senso comum, (8) um grande coração amoroso, (9) crença sincera em tudo o que ele diz, (10) total dependência do Espírito Santo para ser exitoso, (11) uma caminhada próxima com Deus pela oração, e (12) uma caminhada consistente perante os homens pela vida santa.
Em Lucas 14: 23, Jesus ordenou aos discípulos que saíssem pelas ruas e estradas do país (ou picadas) e convidarem pecadores a entrar, para que Sua casa esteja cheia. Os pregadores de rua tomam este verso e ao ler seu valor nominal não precisam espiritualizar ou levar esse texto de forma figurativa. O quão importante é sair afora para onde estão os perdidos, reunir-se, compartilhar, comparecer e viver de modo a que o evangelho bíblico lhes seja apresentado de maneira venerável e convincente para que se arrependam de uma vida de pecados e creiam em Cristo.
Toda vez que o pregador anuncia a verdade de Deus, ele reconhece que a verdade de Deus nunca volta vazia; especialmente o caso do pregador de rua que toma a Palavra de Deus e a entrega aos transeuntes — por uma confiança inabalável na promessa de Deus de que Sua Palavra nunca volte vazia, mas irá sempre cumprir o que Deus soberanamente ordena.
A pregação de rua pode proporcionar uma ótima oportunidade para levar outros crentes de uma igreja local a se reunirem e abordarem pessoas que ouviram a pregação do Evangelho a iniciarem um discipulado. Pode ser uma maneira eficaz de proclamar abertamente a Palavra e deliberadamente envolver as pessoas em conversas pessoais sobre seu próprio coração e alma diante de um juiz soberano.
Muitas vezes, o pregador de rua vai ouvir dos cristãos que cruzam seu caminho: “Eu gostaria de poder fazer o que você está fazendo” ou “Eu jamais conseguiria fazer isso!”. Isso oferece ao pregador uma grande oportunidade de desafiar os transeuntes a serem mais diligentes, vigilantes e urgentes em sua própria proclamação do evangelho no cenário de vida em que Deus os colocou. Pela urgência e intensidade do pregador, ele repreende outros cristãos que se perguntam se Deus pode colocá-los em uma tarefa tão assustadora quanto evangelizar em público. O pregador de rua deve, do início ao fim, ser um homem intenso e pregar com urgência, intensidade e tenacidade. E, poderíamos argumentar, se não ele poderia preparar outros cristãos a fazerem o mesmo.
Um pensamento conclusivo vem com a pungência de Spurgeon:
“Não é necessário nenhum tipo de defesa para pregar fora das portas; Mas precisaria de argumentos muito fortes para provar que um homem tenha feito seu dever se jamais pregou além dos muros de sua casa de reunião”.